Dicas para o bem-estar dos professores

03-04-2021

Atualmente, sabe-se que o professor enfrenta grandes desafios na escola:

Crises de autoridade
Lidar com público todos os dias
Alunos indisciplinados
Falta de reconhecimento
Desvalorização da profissão
Cansaço físico e mental
Colocações a centenas de quilómetros de distância
Ambientes e culturas escolares adversos
Excesso de trabalho burocrático
Trabalho extraescola
Ensino à distância

Tudo isto (e mais) a par da necessidade de estar sempre à altura destes desafios, motivando os alunos e estando altamente motivado e organizado, todos os dias... Será?...

Não. A realidade é outra.

Os professores têm um "eu", têm uma família, têm sonhos, têm objetivos, têm um determinado percurso e uma determinada experiência de vida, têm especializações diferentes, têm dúvidas e receios, têm uma personalidade, têm problemas e enfrentam dilemas, têm de cuidar da sua saúde, têm valores e crenças, praticam (ou não) diferentes hobbies, enfim, têm uma VIDA.

O professor atua, sobretudo, com o desenvolvimento do ser humano [...]. Somos seres sociais que anseiam por vínculo e por troca. Quando nos sentimos fortes e amparados, tornamo-nos capazes de superar as nossas dificuldades e frustrações e de vislumbrar novas possibilidades para a própria saúde emocional. (Ana Carolina C D'Agostini, in "Nova Escola")

Começo aqui um conjunto de artigos sobre o bem-estar dos professores. Faço-o porque me sinto preparada e com vontade partilhar algo que para mim faz sentido e pratico da melhor forma que posso, em mim própria e na profissão que escolhi, de acordo com a minha experiência de vida, académica e profissional.

Sim, é tudo muito bonito, mas as escolas precisam de mudar, não há condições, não há união entre os professores, os alunos estão cada vez mais difíceis... Já não aguento mais!

De acordo, mas eu posso escolher como quero ser, como quero trabalhar e o que posso fazer para respeitar os meus valores e as minhas crenças, ser eu próprio na sala de aula, na minha melhor versão.

Eis, então, algumas dicas que poderão contribuir para o bem-estar dos professores, com ou sem ensino à distância.

1. Trate de si.

Primeiro que tudo. Está no topo da pirâmide.
Como vai a sua saúde física, mental, emocional? O que precisa de melhorar? Questione-se.

Todos sabemos que a vida nem sempre é fácil. Enfrentar-se e assumir a responsabilidade pela sua própria saúde e ações também não. Mas é o primeiro passo.

Peça ajuda, se precisar (atenção ao tipo de ajuda, pode não ser tomando comprimidos que passa "o mal"). Aprenda, informe-se, pesquise, pergunte.
Como é possível transmitir aos alunos conhecimentos e valores de forma plena, com presença, ser assertivo, ser um exemplo, se não se está inteiro ou o melhor possível no momento?

Cuide de si para poder cuidar de quem está ao seu lado também.

2. Arranje um local de trabalho agradável.

Boa iluminação, funcionalidade, organização e limpeza.

3. Areje bem toda a casa, principalmente se estiver mais tempo nela, como nesta fase do ensino à distância.

Abra as janelas, queime incenso (de boa qualidade), faça o que fizer mais sentido para si.

4. Estabeleça um horário semanal.

Equilíbrio é a palavra-chave. Horas de trabalho, de lazer, de família, não é preciso cumprir escrupulosamente, deixe também a vida surpreendê-lo, mas fazer este horário é importante, veja a sensação com que fica após fazê-lo, ajuste o que for preciso. (Sim, mesmo com filhos pequenos, é possível.)

5. Levante-se mais cedo.

Se possível e estiver para aí virado(a), levante-se um pouco mais cedo para ter mais tempo para si e fazer aquelas coisas que quer muito fazer e que, com os afazeres diários, se torna quase impossível.

5. Levante-se mais cedo.

6. Escreva.

Sentimentos, mágoas, desgostos, frustrações, alegrias, conquistas, insights, o que lhe vier à cabeça e seja importante para si "pôr cá para fora", sempre que necessário.

7. Não se dê ao isolamento.

Telefone a um colega de trabalho, a um amigo, a quem quiser e que lhe faça sentir bem. Partilhe ideias, faça perguntas.

8. Saia para apanhar ar.

Saia de casa, vá fazer uma caminhada, apanhe sol, vento e frio. Tudo é bom para limpar a mente e mexer o corpo.

9. Aprenda a parar.

Parar um pouco é tão importante como a necessidade de às vezes ter de andar a mil. Parar para nada fazer, parar para ver, para fechar os olhos, para respirar ar puro, para apanhar um pouco de sol. Parar. Depois anda-se para a frente.

10. Parece um cliché, mas faça uma alimentação saudável e hidrate-se.

Hoje em dia já são muitas as recomendações.

No meu caso, sigo um regime alimentar ovo-lacto-vegetariano e, embora não o queira impor a ninguém, aqui deixo aqui a minha sugestão: Lição de alimentação alquinaturista

11. Durma bem.

As horas de sono que forem suficientes para si. Devíamos fazer como os espanhóis, uma sesta faz maravilhas no nosso dia, nem que seja meia hora.

12. Simplifique.

O ensino não tem de ser complicado (nós também não). Opte por aulas, tarefas e avaliação objetivas, motivadoras e os alunos também agradecem. Claro, implica, tempo e trabalho.
Sim, sei o trabalho que dá planear uma hora de aula à distância, que passa rápido e no fim parece que não deu trabalho nenhum. Mas foi a profissão que escolhemos.

13. Faça diferente.

Torne o seu dia diferente. Acabe o banho com um duche de água fria, faça um bolo, invente um cocktail, brinde com quem ama, prepare uma surpresa, mude a disposição aos móveis da casa, dance...

14. Medite.

Comece por 5 minutos. Se tornar esta prática diária, vai sentir diferença na sua vida. Custa começar, fica já a saber. Mas vale a pena.

15. Desligue a TV.

Sempre que for demais, sempre que as notícias sejam vistas mais do que uma vez por dia, sempre que nos sentirmos mal com o que vemos. Pela sua saúde mental.

Seja feliz. Por si e os seus alunos agradecem.