As turmas "difíceis"

Qual foi o professor que nunca as teve?

Todos sabemos que a educação começa em casa. Mas também sabemos que é na sala de aula que os alunos estão e nós também. Então, tentemos tornar os momentos com as turmas e alunos "difíceis" os melhores possível.

Algumas sugestões:

1. Primeiro, não vamos obter nada que não sejamos já. Queremos que os alunos façam silêncio? Ensinemos o que é o silêncio. Queremos que os alunos falem baixo? Falemos baixo também. Queremos que os alunos sejam calmos. Estejamos calmos também. Queremos que eles cumpram regras. Criemo-las em conjunto.

Sim, há momentos em que temos de dar um "murro em cima da mesa" e há momentos de "Chega!", há momentos de definir limites imediatos. Mas esperar que os alunos sejam todos bem-comportados? É esperar sentado.

2. O "ganhar" do comportamento e das atitudes em primeira instância é fundamental e deve ser prioridade, antes de entrar em qualquer conteúdo. A sala de aula e quem lá está dentro tem de ser respeitado, todos, sem exceção.

3. Como?

- Através da atitude, da postura, do tom de voz, da forma como nos apresentamos e como olhamos, falamos, os alunos nos perceberão.

- Os alunos entendem e percebem até onde podem ir com cada professor. Os limites fazem a diferença. Desde o primeiro dia, definir com os alunos limites bem claros, principalmente nos primeiros tempos.

- Se logo nas primeiras aulas entramos a matar com diagnósticos sem fim e desmotivadores, matéria nova, é isso mesmo que vamos ter, alunos desmotivados. Existem dinâmicas de grupo simples que podem ser feitas para quebrar o gelo. Precisamos de conhecer os alunos que temos à frente, as suas intervenções, a forma como interagem, de onde vêm, se já se conhecem ou não. O diagnóstico pode esperar um pouco.

- Mais do que um professor que encara a sua disciplina como uma ilha, é preciso um alguém que veja os alunos como pessoas da sua idade em primeiro lugar. Se estivesse no lugar deles, pense como gostaria que o seu professor fosse.

- Pense também qual é o melhor professor que pode ser, de acordo com o tempo de que dispõe e a vida que tem. Um professor do século XXI, porque os alunos mudaram, a sociedade e o mundo são outros! São mais voláteis, instáveis, despertos, rápidos, diferentes. A atenção dispersa-se muito mais rapidamente e já não é possível manter os alunos a trabalhar durante 50 minutos seguidos.

- Os alunos rebeldes serão quase sempre rebeldes. Eles só precisam de saber o que lhes acontece (na sua aula) se pisarem o risco com atitudes inconvenientes e de perceberem que o professor não está ali para os prejudicar. Negoceie com os alunos. Converse francamente sobre as consequências dos seus atos e o que acontece se colaborarem. Dê-lhes a escolher o tipo de aula e de professor que querem. 

- Utilize música para os motivar. Pode ser rap, pode ser até fado, o que quiser. Há muitas atividades que podem ser feitas a partir da música em todas as disciplinas, basta pensar como. Pesquise na internet, veja outros exemplos de acordo com a sua disciplina.

- Procure ajuda, faça formação, conheça-se melhor, ganhe forças, ferramentas. Só assim pode evoluir e conseguir trabalhar com os alunos "difíceis".