Ensino à Distância
"[No Pilar Social Europeu] há um princípio sobre oportunidades iguais e, por isso, é essencial investir muito em equipamento e investir também ao nível das capacidades digitais das crianças, através das escolas, de modo a permitir que todas as crianças tenham as conexões certas", defendeu o comissário, lembrando que "há muitas famílias pobres que não têm conexão à Internet".
In https://expresso.pt/sociedade/2021-01-22-Presidencia-da-UE.-Comissao-Europeia-pede-resposta-conjunta-para-mitigar-desigualdades-no-ensino-a-distancia
E se disponibilizassem meios e recursos para combater estas desigualdades?
O que se pretende, ainda, discutir, adiar, averiguar, aferir?
O que é realmente importante? Quem está a mediar este processo? Tem noção da realidade que se vive nas escolas?

Temos todos os alunos com equipamento informático?
E a rede de internet é capaz de aguentar a sua presença nas sessões síncronas?
E o conhecimento e competências dos alunos? São suficientes?
Aceder ao e-mail, entrar no Google Classroom, ver os trabalhos, responder às mensagens, devolver trabalhos, capacidade de organização pessoal, regras, horários, condições físicas em casa, alimentação, família, descanso... Fatores que com certeza influenciam e muito a aprendizagem plena das nossas crianças e jovens, no nosso ensino à distância.
E o conhecimento e competências dos professores? São suficientes?
Aceder ao e-mail, entrar no Google Classroom, ver e avaliar os trabalhos, responder às mensagens, devolver trabalhos corrigidos, capacidade de organização pessoal, regras, horários, condições físicas em casa, alimentação, família, limpeza, descanso, saúde, idade... Fatores que com certeza influenciam e muito o trabalho dos nossos professores (linha da frente?), no nosso ensino à distância.
E o conhecimento e competências dos pais? São suficientes?
Aceder ao e-mail, tutores no Google Classroom, ter conhecimento dos trabalhos, responder aos e-mails, enviar fotografias de trabalhos, se for preciso, capacidade de organização pessoal, regras, horários, condições físicas em casa, alimentação, família, descanso, desemprego, horários de trabalho incompatíveis... Fatores que com certeza condicionam e muito a qualidade de vida dos pais e aprendizagem plena das nossas crianças e jovens, no nosso ensino à distância.

Estamos com iniciativas fantásticas, formações, aplicações informáticas, recursos online.... Sim, é importante, sem dúvida. Queremos chegar a tudo e a todos, mas as desigualdades mantêm-se, aliás, até se agravaram neste atual ensino à distância. Como vão os alunos sem computador aprender novos conteúdos? Da mesma forma, com trabalhos enviados? Não! Não chega. É que alguns estiveram na aula síncrona, mal ou bem, ouviram, participaram, lá "chegou" alguma coisa. E os que não estiveram?
De quem é a responsabilidade se estes alunos não aprenderem? Onde está o acesso igual à educação, onde está esse direito?
Resta, para já, a tentativa, por parte dos professores, em tentar fazer o melhor, todos os dias, de se desdobrarem para uma pequena tarefa que seja poder chegar ao aluno que não tem meios de nenhuma espécie. Restam os êxitos e as qualidades de cada um, para já.

É muito importante que se debatam estas questões nas reuniões de Departamento, nos Conselhos de Turma, nos Conselhos Pedagógicos. É muito importante que se tenha a consciência do que se está a criar com este ensino, por muito pouco tempo que seja. É muito importante que se haja união e uníssono ao falar com os órgãos superiores, acima de tudo, que se faça chegar bem lá "acima", as dificuldades que se passam, de professores, de pais e de alunos.
Os professores devem unir-se e não aceitar tudo. Afinal, quem conhece a realidade?