O final do ano para os professores
Terminou? Só para os alunos...
O final do ano para os professores, ao contrário do que muitos pensam, não significa 3 meses de férias.
Para os professores, significa burocracia, trabalho de preparação do próximo ano, reuniões, burocracia (já disse?), embora saibamos que já há mais algumas oportunidades para "respirar" um pouco.

Claro que já sem alunos o desgaste é muito diferente e basta isso acontecer para assistir a um curioso "baixar da guarda" dos professores e mais e maiores sorrisos na sala de professores e nos corredores, mesmo que hajam reuniões e equipas de trabalho formadas com vários objetivos. Desta forma, as oportunidades de interação, convívio e partilha entre colegas aumentam e a comunicação torna-se diferente, mais descontraída e autêntica. Ou seja, mesmo com todo o trabalho que caracteriza o final do ano, tudo se torna diferente.
Mas os alunos não são o principal numa escola? Arrisco a dizer que sim, no entanto, também afirmo que professores cansados, digo, esgotados até, desmotivados e, por vezes, sem perspetivas também se torna, a meu ver, num dos principais problemas a serem combatidos nas escolas.

As evidências de uma maior boa-disposição, disponibilidade e descontração, depois de as aulas terminarem para os alunos, são interessantes e deviam dar que pensar. Durante o ano letivo, não há grandes pausas, nem tempo útil para conviver, partilhar e até relaxar, dentro de uma escola. O único espaço que os professores têm para fazer tudo isso, ir ao WC e tratar de alguns outros assuntos resume-se a intervalos de 20/30m no máximo, dependendo do ciclo de ensino. A carga horária, quer dos alunos, quer dos professores, torna-se contraproducente a partir do momento em que alunos têm uma capacidade de concentração muito reduzida para estarem quase um dia inteiro com aulas (entre outras atividades extra) e a capacidade que um professor tem de ter/criar/ganhar para os manter calmos e motivados durante horas sentados nas cadeiras é algo difícil, senão impossível, por muito bom profissional que se seja.

Faltam mais momentos de descontração, partilha, convívio informal e presencial! E não falo aqui só de professores e entre professores! Fazem falta atividades diferenciadas, divertidas e mobilizadoras na escola, com alunos e para os alunos. É durante o tempo letivo que isto pode acontecer. Esta maior descontração entre professores no final de um ano não pode acontecer apenas no final, sem alunos. A escola é para os alunos, a escola é dos alunos. E dos professores também! Só se faz aquilo que na escola se reproduz e se permite acontecer, para o bom e o menos bom. O exemplo está em tudo!

A Educação é uma das formas que mais pessoas pode mobilizar para fazer a diferença, basta haver a vontade de quem educa e ensina. A escola não tem se ser o ABC o tempo inteiro, nem os conteúdos que muitas vezes a realidade não reconhece. A escola pode e devia ser um sítio onde todos gostam de ir, onde todos gostam de estar, aprender e ensinar. A escola JÁ não tem de ser mecânica, reprodutiva e industrial. Exigência sim. Marrar (já) não. Há que pensar um pouco mais além, unir pessoas e fazer acontecer.

Não vejo motivos pelos quais a escola não possa ser divertida, é sempre bom haver inspiração, ora vejam...